28 febbraio 2007

Grazie Mille

As meninas que se confessaram leitoras ocultas. Fiquei contente em ver que vcs também participam.
Beijos a todas.

24 febbraio 2007

Liga pro papai

Ontem, ao ligar o computador, vi que o modem nao estava funcionando. Liguei e desliguei, tirei todos os cabos e coloquei novamente, fiz tudo o que podia e nada. Liguei para o Gianluca.
- E agora? Eu tenho que terminar o site que estou fazendo. O cliente ja esta nervoso.
- Tira e coloca o cabo. Deve estar com o cabo quebrado.
- Ja fiz.
- Liga e desliga o computador.
- Ja fiz. O que tenho que fazer agora?
- Quer ligar pro meu pai?
- Ele conserta computador?
- Nao.. Mas voce pode perguntar o que podemos fazer.
- Gianluca, estamos indo morar em Milano, se o computador quebrar la, o que faço? Ligo pro teu pai?
- Nao.. Pois é.. Nao fica nervosa.. Essa historia de chamar meu pai esta para terminar.
- Ainda bem. O que eu faço?
- Nao sei.
- Essa loja de computadores aqui do lado é também assistencia tecnica?
- Sim.
- Ok, vou ate la.
- Peça para meu pai ir.. Se nao eles vao te enganar!
- To indo, tchau.
Mais tarde:
- Gianluca, fui la e ele pediu para levar o computador.
- Nao leve! Eles vao cobrar um saco de dinheiro e as vezes nao é nada.
- Como nao é nada? O computador nao funciona.
- Quando eu chegar em casa vejo o que pode ser.
- Voce nao sabe ver, Gianluca. Onde poe a mao, quebra!
- Entao liga pro meu pai e pede para ele levar o computador. Porque o cara ve que vc é mulher e vai te enganar.
- E o cara ve que teu pai é velho e vai enganar ele.
- Meu pai sempre levou o nosso computador antigo la.
- Sim, deve ser por isso que sempre pagamos 90 euros pelo conserto.
- Se vc for eles vao te cobrar mais do que isso.
- To indo, tchau.
Mais tarde:
- Gianluca, levei o computador.
- Como voce fez? Chamou meu pai para carregar ate la?
- Nao. Chamei o faxineiro.
- Muito bem! Mas agora voce vai ver, eles vao apagar tudo o que tinha dentro e ainda vao te enganar e cobrar uma fortuna.
- Nao enche. Tchau.
Mais tarde:
- Gianluca, voce quer ligar pra ver se esta pronto e quanto eles querem pelo serviço?
- Nao.. Espera.. Eu to voltando pra casa, passo la, pego e pago. Assim eles vem que eu sou homem e nao cobram muito.
-Ok.
Mais tarde:
-Gianluca?
- Que foi?
- Ainda ta no trabalho?
- To.
- Vou pegar o computador.
- Espera. Quer que eu peça pro meu pai ir buscar?
- Nao. Tchau.
Mais tarde:
- Gianluca? Fui buscar o computador.
- Poxa, eu ja estava chegando! Como vc fez?
- Levei o carrinho da Giulia e coloquei o computador em cima. O porteiro ajudou a subir as escadas.
- E quanto ficamos mais pobres? Voce deveria ter ligado pro meu pai.
- Nada, foi de graça.
- Que?
-Gratis. Zero. Niente!
- Fi%* da P*/£! So porque vc é mulher.
- Pois é.. Agora liga pro teu pai e diga que ele pode me ligar quando ele precisar de consertos gratis.

20 febbraio 2007

Querido Leitor

O Made in Napoli fez um ano no dia 1 de fevereiro de 2007. Eu, desnaturada, desatenta e super-atarefada, nem percebi.
Parabéns pra nos. Obrigada a todos que passam por aqui e deixam recado. Obrigada a todos que me mandam email e obrigada a todos que pedem para que eu continue. A cada comentario que eu leio, meu coraçao se enche de felicidade.
Mudei um pouco o visual do blog. Tem a foto de Napoli que nao esta como eu gostaria porque nao consigo fazer aparecer o Vesuvio e mais detalhes ai ao lado no menu. Tem também o indicador de quantas pessoas estao online e o contador de visitas.
Mas porque raios eu tenho mais de 100 visitas por dia e voces ai escondidinhos ficam sabendo de tudo da minha vida e nao comentam? Hein? Hein? Hein?
Ok.. Timidos de plantao: Mandem email: pmrd(ARROBA)uol.com.br . Assim que eu descobrir como se faz, coloco um link de email no menu. Mas agradeço também as pessoas que entram aqui e saem sem falar nada.
Por fim, pessoas que me fazem perguntas nos comments e eu nao respondo: Se os senhores nao colocam email de retorno, nao tenho como responder.
Sou mal educada nao, meu!

Outros carnavais

Eu nunca fui muito fa de carnaval. Quer dizer, quando era criança sim. Porque minha mae me levava no clube e em festinhas pra la de divertidas. Tinha musica, tinha show, comidinhas e era muito divertido sair fantasiada e dançar com minhas amiguinhas.
Na adolecencia, carnaval era desculpa para sair de SP. Adorava alugar casa em Sao Sebastiao e aproveitar a praia. Mas fugia de festas com samba porque nunca suportei confusao e gente bebada perto de mim. Nunca ninguem me viu em um Folia na Faria ou coisas do genero. Tinha horror so de pensar. E essa historia de beijar 10 no mesmo dia so porque é carnaval nunca foi meu estilo.
Quando comecei a trabalhar com artistas, tive varias oportunidades de ir assistir as escolas de samba no anhembi porque chegavam convites em casa. Iam todos para amigos e familia.
Apesar de nunca ter gostado de carnaval, lembro dessa época com saudades. Saudades das festas de infancia, saudades das viagens com amigas, saudades dos dias em casa sem fazer nada e saudades de ver a cara de felicidade das pessoas quando eu distribuia convites.
Aqui na Italia a saudade bate mais forte. Principalmente quando vejo todas essas crianças fantasiadas indo passear na praça quando o frio nao esta insuportavel, no shopping ou no supermercado. Nao tem festa. Nao tem clube. Nao tem clima. Faz frio.
Sempre sonhei em levar minha filha para uma festa carnavalesca-infantil no Brasil. Calor, sol, musica animada, clima de alegria e muita diversao.
Mas esse ano esta tudo tao diferente. Lendo noticias em sites brasileiros, tudo o que vejo é noticia de violencia, em todas as cidades. Sera que foi sempre assim e eu nao sabia ou sera que esta cada vez pior?
Triste é chegar a conclusao que aquilo que eu sinto saudade no Brasil nao existe mais. E que o melhor que eu tenho a fazer neste carnaval é vestir minha filha com uma fantasia qualquer e ir passear no shopping ou na praça. Sem festa, sem musica. Mas em compensaçao sem bala perdida, sem assalto e com muita tranquilidade.

16 febbraio 2007

Dependência Psicológica


Dependência - do Lat. dependentia
s. f.,
sujeição;
subordinação;
acessório;
anexo;
filial;
relação;
conexão entre dois ou mais objetos que faz com que uns não possam existir sem os outros.
Pois é.
Eu tinha um namorado, não aquele que me traiu com a vizinha de prédio, nem aquele que saiu com minha amiga, nem aquele que sumiu e nem aqueles que eu dei o fora. Mas acho que o primeiro sério. Serio de verdade. Que se envolveu com a família, participava de almoços, jantares, festa da vovó, que estava ate presente quando não deveria, no meio de uma briga de irmãos. Trabalhamos juntos, vivemos coisas novas juntos, aprendemos juntos, sofremos juntos, rimos juntos e superamos tantas dificuldades juntos. Era tudo junto. Eu era ele e ele era eu. . Era uma dependencia tão grande que eu nem sabia como viver sem ele. Ai, um dia, sai de casa sem ele. Com uma amiga. E conheci um rapazinho que me fazia rir muito, que me divertia horrores, que conversava. E descobri ali que eu não era dependente de ninguém. Nem do meu namorado que já tinha ate se transformado em irmaozinho e nem do rapazinho da balada. Mas hoje tenho o rapaz como amigo. Amigao mesmo. E é muito legal. Confio e adoro dar otimas risadas com ele, dizer o que se passa com a minha vida e ele com a dele. O novo é sempre melhor.
Eu tinha um travesseiro. Ele praticamente cresceu comigo. Estava presente em todas as noites da minha vida, acho que desde quando meu pai se separou e deixou o travesseiro pra mim. Eu ia dormir na casa de amigas? Ele ia junto. Viagens? Ele foi junto. Ate em viagens internacionais ele estava comigo. Fazia viagens Brasil - Itália com ele no meu colo. Ele era meu abraço portátil. Aqui na Itália ele me ajudou muito quando a velha de cima começou a andar de salto. Eu colocava ele em cima da cabeça, tampando meus ouvidos e dormia tranquila sem ouvir nenhum barulho. Foi otimo protetor contra o ronco do Gianluca. Serviu também quando eu estava gravida. Ele apoiava a minha barriga como ninguém. E eu, com a Giulia dentro de mim, dormia tranquila. Eu não sabia como viveria sem meu travesseiro. Ontem a Giulia passou mal e vomitou em cima dele. Não pensei duas vezes antes de colocar imediatamente na maquina de lavar. Afinal, poderia suportar, embora não sem dor, dormir uma noite sem ele. Mas não todas. Quando tirei da maquina de lavar. Pluft! Ele morreu. O que tinha dentro estava fora e não gostei do que vi. Coitado, deveria estar muito, muito doente mesmo. Velho pra caramba.
Ai peguei um travesseiro que eu tinha comprado na Ikea ano passado. Novinho porque nunca tinha usado antes. E confesso. Tive uma noite maravilhosa e percebi que posso muito bem viver e dormir sem meu travesseiro antigo. O novo é muito melhor. Macio. Branquinho e com cheiro de novo.
A dependencia é psicológica. Garanto.

15 febbraio 2007

O luto noso de cada dia

Não sou insensível e nem tão pouco alienada com o que acontece no Brasil. Depois da assustadora e terrível morte do menino Joao, recebi vários emails com pedidos assinatura para um abaixo assinado, scraps pedindo para colocar uma foto preta no meu perfil, mensagens no msn pedindo para colocar uma flor antes do meu nome e comentários pedindo para fazer um post em homenagem a ele. Não fiz. Não que meu coração não tenha se partido ao meio quando li a noticia no UOL. Sofri muito, ainda mais hoje que sou mãe e posso imaginar a terrível dor que é perder um filho. Sofro ainda mais em perceber a cada dia que eu não sou capaz de proteger minha filha contra o mal do mundo. O mal do ser humano. Chorei ao ver a foto dele com a família, chorei ainda mais ao assistir a entrevista dos pais, ainda cheios de sofrimento. Doeu demais imaginar a cena e acho impossível esquecer.
Mas eu não esqueço também os outros milhares de meninos e meninas, jovens, adultos e idosos que morrem diariamente no Brasil, vitimas de uma violência absurda e descontrolada. O meu pais, o lugar que eu amo e que sinto saudades já não me atrai como antes. Porque pelo que lemos diariamente, a violência estúpida só aumenta. Digo estúpida porque não acredito que esses moleques tinham a intenção de matar o menino. Mas mataram. Brutalmente. Digo estúpida porque quando roubam um carro ou um tenis, os sem-coração não estão afim de matar. Estão afim de roubar. De ter o que não é deles. Mas matam. Porque nada vai acontecer. Porque saiu dos limites. Porque tem mais ladrão do que policia. Tem gente ruim em todos os lugares, qualquer hora, sem medo de fazer o mal. Tem briga na porta da escola. Com adolescentes armados. Tem briga na discoteca e o carinha mata a menina que não quer dançar com ele. O casal de namoradinhos vão passar o final de semana em Embu e não voltam mais. Mataram os dois. Porque?
Não existe uma resposta. A morte é sempre absurda, é sempre uma pergunta sem resposta, é sempre assustadora, principalmente aquela que vem da violência estúpida.
Mas o Brasil há tempos não tem mais controle. Reclamo sim de Napoli, mas convenhamos. Aqui não chegamos e espero nunca chegar no absurdo que é Rio, São Paulo ou outras cidades da nossa Pátria Amada. Eu tenho vontade de voltar, mas quando penso na insegurança que as pessoas tem de sair de casa, da incerteza que é ir ao trabalho e não saber se volta ou não, fazem com que eu desista.
Vim aqui para dizer a essas pessoas que me pediram a flor, a foto preta, o post em luto e minha assinatura que eu não sou insensível com o que aconteceu... Que eu estou tão ou mais chocada do que vocês. Que eu estou tão triste como vocês. Mas o João não é único. Não foi o primeiro e nem será o ultimo. E isso é que desespera. Ele, assim como outras vitimas merecem mais do que a florzinha no msn. Os pais merecem sim todo esse apoio. Mas ao invés de fazer isso para o Joao, vamos fazer por todos aqueles que num dia como outro qualquer, perderam suas vidas por culpa de pessoas inúteis como esses monstros-homens de 16 anos. Por nos e por nossos filhos que correm risco de perder a vida sem motivo.
Então, quer colocar foto preta? Coloque todos os dias. O luto é hoje, amanha e sempre por todos aqueles que perdem a vida diariamente no Brasil. Não esqueça daqueles que ontem passaram o que ele passou. Não esqueça que a família de muitos meninos e meninas ainda choram a perda deles. Fiquem sempre de luto. O Brasil tem que estar sempre em luto. Pensem em algo a fazer, numa solução. Mas a revolta infelizmente vai acabar. Assim como já esquecemos muitas outras coisas terríveis e assustadoras que aconteceram com outras tantas vitimas de violência.
Essa é a beleza do meu povo. Que chora com quem esta sofrendo, que vai as ruas e pede um basta para um politico corrupto, que não tem medo de dizer o que pensa.
Mas, convenhamos. Saiu dos limites e esta na hora de agir juntando forças e pensando numa solução para ir gritar nos ouvidos de quem pode mudar as leis. A vida é bela, a gente tem direito de criar filhos e ver eles crescendo. A gente tem direito de dirigir a noite e parar no sinal vermelho sem medo de ladrão. A gente tem direito de passar um fim de semana fora e voltar pra casa.
Basta!

14 febbraio 2007

Relatos de um Mundo Normal

Eu lembro como se fosse hoje o dia que cheguei em Napoli para morar. Já tinha vindo outras vezes em viagens breves de 15 dias, no máximo. Mas foi quando eu vim em definitivo, que comecei a olhar tudo com olhos de moradora e não de turista.
Lembro do meu apartamento alugado no Vomero, uns dos melhores bairros de classe media da cidade. Me assustava pensando que todos aqui estivessem nervosos. Afinal de contas, em São Paulo, pessoas só batiam a porta do carro ou de casa quando estavam irritados. Muito. Me incomodava com o excesso de barulho: gritaria, buzinas e pessoas conversando de um prédio ao outro, pela janela. Também me assustei com a grosseria dos atendentes das lojas. Eles não estão la para te ajudar. Eles vendem e basta. Se irritam se você não compra. Nos supermercados percebi que era melhor nem comprar ovos porque as meninas dos caixas jogam as coisas em cima do balcão sem o menor cuidado. Percebi que todos tem pressa, muita pressa. Achava estranho ver os carros por todos os lados, estacionados em ate terceira fila, na frente dos protões dos prédios e ate no meio da rua, quando esta é larga. A falta de lugar para estacionar, os preços absurdos dos estacionamentos (raros) e a quantidade exagerada de carros é o culpado disso. Mas também me perguntava porque nesta cidade tão caótica não inventam uma solução como um rodizio, por exemplo.
Também foi traumático perceber que fila aqui não existe. Nem nos bancos, nem no supermercado, nem na barraquinha de frutas, hospitais, lojas, nada. Uma bagunça que impressiona e vence quem grita mais. Eu, tímida e paulista, alem de extracomunitaria sem saber falar com fluência a língua, ficava sempre por ultimo.
Percebi também que tudo o que eu tinha aprendido no Brasil não valia em nada aqui. Eu trabalhava com celebridades, fazia grandes eventos, organizava desfiles de marcas famosas, era responsavel de marketing de uma grande rede de pizzarias. Mas e ai? Os famosos do Brasil não são ninguém aqui, a rede de pizzaria não existe aqui e marketing? Che cazzzz è marketing?
Achava estranho que o Gianluca não fazia happy hour quando saia do trabalho. Happy cosa??? Dizia ele.
Eu pedia remedios pela internet, pizza pela internet, fazia pagamentos pela internet. A internet facilitava a minha vida. Aqui nao tem essa. Internet? Pra que serve? Nao é mais facil ligar pra pizzaria? Nao é mais seguro ir ate o banco? Que? Eu? Pegar uma fila (?) enorme para ir pagar uma conta se eu posso fazer com dois "cliks"? Mas nao!!! Pessoas estao começando agora a perceber a comodidade da internet, a ter uma linha adsl em casa e ate a mandar email.
Eu morava sozinha e sabia chamar o técnico quando algo quebrava, isso quando não consertava sozinha. Levava o carro no mecânico ou chamava o guincho quando acontecia algo. Mas nunca liguei pro meu pai pedindo socorro. Aqui não. Via o homem que conquistou meu coração, agindo como um menino. Tudo para o italiano menor de 40 anos é resolvido pelo papai, quando este ainda esta entre nos.
Claro que sem contar nas montanhas de lixo que estão pelas ruas, seja bairro bom ou ruim, seja na frente das casas como dos hospitais e escolas. E quando digo montanhas, não estou exagerando. são montanhas mesmo.
Ontem Gianluca voltou de Milano impressionado com o que viu. Diz ele:
- Milano é uma cidade estranha. Imagina! As pessoas no aeroporto fazem filas para pegar taxi! Nos bares, as 18hs fica lotado de gente que sai do trabalho e vai comer alguma coisa e tomar um aperitivo, como chama??? Happy Hour?! Não vi lixo pelas ruas, onde é que esse povo joga o lixo? Pessoas gentis. Mesmo com milhares de carros passando pelas ruas, não ouvi nenhuma buzina. Ninguém grita para chamar alguém. As pessoas trabalham mais calmas, se divertem. Não tem roupas penduradas pela janela. Estranha essa cidade. Sem confusão, embora seja grande.
Estranha??? Eu to indo para o fantástico mundo normal, finalmente!

13 febbraio 2007

Como odiar teus sogros

Fácil. Basta ter iguais aos meus. Digo a verdade, não são assim tão odiosos. Ontem foi um misto de amor e ódio entre nos. Gianluca foi resolver umas coisas em Milano e nos ficamos por aqui. Como seria a minha primeira vez sozinha em casa com a Giulia, chamei os dois para jantar aqui. Inicialmente tive a ideia de pedir para sogrinha dormir em casa, no quarto da Giulia, mas depois desisti e pensei que seria uma boa experiência ficar sozinha por uma noite. Pelo menos já sei como é a vida de mãe solteira. (fica chato dizer aqui que gostei?)
Então, minha sogra, antes de vir, me liga:
- Paula, então eu venho dormir na tua casa ou nao?
- Sogra, não é necessario.
- Ah.. Então quer dizer que alguém vem dormir em casa com vc?
- Que?????????????
- Digo, você esta acompanhada hoje a noite?
- O que? O que??????????
- Não.. Imagina... Não quis dizer o que você pensou.. Perguntei somente se alguma amiga vem dormir com vc esta noite..
- Aaaahhh booommm! Não.
(Sei sei... queria saber se alguma amiga viria aqui? Conta outra.)
Mais tarde os dois chegam em casa.
- Eu trouxe comida para a Giulia. Pasta com abóbora.
- Ok, então vamos dar pq é hora dela jantar. Abóbora é bom pq ela esta com dor de barriga.
- Entao, precisa dar somente abóbora, cenoura ou maça.
- Sim, e banana também.
- Banana não.
- Banana sim.
- Banana não.
- Banana sim.
- Banana não. Aqui na Itália não se da banana quando tem diarreia.
- Aqui na Itália não. No Brasil sim.
- Banana não se da!!! Ninguém da. A Ana não da, a Mariolina não da, a Luiza não da, a Não sei quem e Não sei mais Quem não da.
- Mas então... Ta frio hoje, ne?
Depois do jantar (pasta com abóbora e maça de sobremesa), Giulia vomitou tudo dentro do prato. Eu peguei o prato na mão, indo em direçao ao banheiro e meu sogro grita:
- Não faça issooooo!
- O que???? - Disse eu, assustada.
- Ela vomitou essa comida, não de novamente a ela!!!!
- Mas você é louco??? Acha que eu vou dar a comida que minha filha vomitou, novamente a ela???
- Desculpe, você esta com o prato na mão, pensei que faria ela comer de novo.
- Estou indo jogar na privada, caro sogrinho.
Fora esses e outros diálogos, temos momentos juntos agradáveis, brincamos com a Giulia juntos e comemos conversando como nunca havíamos conversado antes. Talvez porque quando o Gian esta junto tem mais atrito. Mas se eles me poupassem de conversas do tipo, seriam pessoas mais do que queridas. Paciência. Ci vuole. Molta.

09 febbraio 2007

Cha de Simancol

A vizinha-problema me comunicou dia desses que vai mudar de casa. Porque ela nao admite pagar um aluguel carissimo para morar num predio, num bom bairro (?) com pessoas que gritam, sobem escadas saltitando as tantas da madrugada, sacode tapete pela janela fazendo o po cair em cima das roupas estendidadas dela e, entre tantos outros problemas, um administrador que nao resolve problemas basicos como mudar o portao quebrado. Ai entao a vizinha-problema decidiu mudar para um bairro mais popular, pagando um aluguel mais barato mas com pessoas que ela diz serem mais educadas do que as que moram aqui.
Legal.
Dia desses, acordamos a 1 da manha com ela, marido e filha chegando no predio batendo o portao com violencia, rindo alto demais, subindo escadas como cavalos e batendo a porta de casa que ainda nao entendemos como nao caiu. Sem contar as tardes que ela passa ouvindo musica napoletana no ultimo volume. E cantando junto, para o total desespero dos meus ouvidos.
Voces acham que um espelho seria um bom presente?

07 febbraio 2007

Um enforcamento de doçura



Outro dia pedi para o banana (meu porteiro) comprar um pacote de açucar porque eu precisava e nao estava afim de sair.
Banana aparece com esse pacote ai do lado.
"Sadam - O açucar è cheio de vida"
Aham. Mas so o açucar, ne?

03 febbraio 2007

Atençao atençao!

Depois de ler o comentario do post anterior da minha querida amiga Julie, voltei aqui pra me explicar para quem possa nao me entender. Quando eu falo mal de Napoli, falo aquilo que eu vivo e aquilo que eu vi. Tem pessoas (que eu nao conheço) que devem amar essa cidade. Assim como eu amo Sao Paulo e um carioca odeia.
Quando eu falo dos napoletanos, faço questao de falar "Napoletano que é Napoletano". Quero dizer do povao mesmo, das pessoas de raizes napoletanas que fazem questao de agir do modo que todos caracterizam esse povo e nao so eu. Assim como o mundo caracteriza uma brasileira como bunda. Mas quando dizem de uma "Brasileira que é Brasileira". Sao expressoes e modo de dizer.
Eu, infelizmente nao combino com o que esta ao meu redor. Mas lembrem-se sempre. Vim morar aqui por amor a um napoletano e minha filha, que é a coisa mais importante que eu tenho, é napoletana. Com orgulho.

02 febbraio 2007

O meu lugar

Eu to aqui feliz e saltitante porque vou finalmente mudar de cidade. Abandonar Napoli e tentar me adaptar com outra cidade me faz feliz, mas obvio que da um pouco de medo. Estranho que quando vc mora fora do Brasil parece que nenhum lugar te pertence. Nem o Brasil. Napoli definitivamente nao combina comigo mesmo depois de assistir o TG5 de hoje dizendo que esta é uma das cidades mais lindas do planeta.
Ah é? Admito que a Costiera Amalfitana é maravilhosa, as ilhas Capri, Ischia e Procida encantadoras e Pompei cheia de historia. Mas ninguem vive so de beleza. Tem que ver também o lado ruim, infelizmente espalhado em cada canto desse lugar.
Acho que o que falta ao napoletano é um pouco de amor proprio e cuidado com o que é deles. Muito comum ouvir dos moradores que as montanhas de lixo nas ruas é culpa da mafia ou da greve. Eu sinceramente nao admito coisas do genero. Porque se tem mafia que controla o recolhimento, se tem o governo que nao tem onde queimar o lixo, se tem os catadores que estao em greve, faça voce mesmo alguma coisa. Um exemplo? Os condominos de cada predio poderiam se reunir para montar um esquema de retirada de lixos das casas e so colocar na rua momentos antes da retirada. Mas napoletano que é napoletano é folgado demais para se preocupar com as coisas. Nao tao grave como o problema do lixo, mas feio igual sao as roupas penduradas na janela. Ele pensa: "Porque tenho que estender roupa no varal de chao ou no terraço do predio se posso pendurar na janela?". Essa é a mentalidade do povo por aqui. "Porque tenho que fechar a porta delicadamente se é mais facil bater?". "Porque tenho que parar no sinal vermelho se eu tenho pressa?". "Porque tenho que ser gentil com meus clientes se eu estou mal humorado?"
Outro dia, passeando pela minha rua, vi um policial chamando a atençao de um motorista que estacionava o carro em terceira fila. O motorista brigou com o policial e falou que nao iria sair dali porque estava esperando a namorada descer. Nada aconteceu. Nem uma multa. E o policial continuou la, no meio da rua, tentando sem sucesso organizar um transito caotico sem espaço para os outros carros passarem por causa dos outros estacionados no meio da rua. Enquanto isso, dezenas de motorinos passando com ate 3 pessoas em cima e todos sem capacete. Nenhuma multa. Isso é Napoli. A terra onde nao tem leis e regras. O paraiso da mafia e das pessoas que nao gostam de ordem.
O Brasil, por sua vez, me da medo. Noticias diarias de violencia por toda a parte, envolvendo qualquer pessoa e em todos os bairros. Nao tem mais segurança, nao tem mais tranquilidade. Nao sei como poderia novamente viver com medo da policia e do ladrao. A falta de emprego, falta de oportunidade e preços altissimos de escola, convenio medico e tudo o mais que uma familia precisa me faz sentir insegura tendo agora uma filha para criar.
Resumindo, se Napoli nao é meu lugar e se o Brasil nao é mais a minha casa, Milano sera a minha "proxima vitima".

Tanti auguri a te!

Ela nao deixa nem um post sem comentario. Ela é a leitora de todos os dias e aquela que sempre manda email mesmo quando eu, malvada e ma administradora do meu tempo nao respondo como deveria.
Nada mais justo do que deixar aqui registrado, mesmo com um dia de atraso, o aniversario dela. Aquela que me viu crescer, me aturou dentro da casa dela brincando de castelo do terror no salao de festas, cozinhou para nos por muitos domingos quando a familia se reunia na casa dela, preparou jantares de Natal maravilhosos, me levou para ferias na praia, no campo, deu bronca como mae, brincou como amiga e hoje, mesmo com tantas dificuldades ainda me da, mesmo que de longe, um colinho via email.
Obrigada titia por estar sempre presente. Que a cada aniversario, voce seja mais feliz.
Parabéns. Muitos beijos com saudades!