Facil como roubar bala

Quem é que nunca roubou balinhas nas Lojas Americanas quando era criança? Se nao balinhas e chocolates, alguma outra coisa como meu primo e meu irmao que roubavam arminhas dos comandos em açao. Era facil. Bala era so pegar, abrir e comer. Ja as arminhas, distruiam as embalagens e pegavam desviando dos seguranças. O mais dificil era escapar da minha mae ou minha tia que, com razao, sempre ficavam indignadas com nos.

Ontem, voltando de Paris à Italia lembrei disso. Como é facil roubar alguma coisa quando voce quer. Mesmo que a coisa na questao, seja uma criança.

Fui convidada pela Luci para passar uns dias na casa dela em Paris, e eu, mesmo com tantas viagens de aviao Brasil-Italia, Italia - Brasil, preferi comprar passagens de trem.

Na ida, tudo tranquilo. Ja na volta, antes de entrar no trem, a policia pede para que eu pare. Sozinha, nao entendi nada do que eles estavam falando em frances, mas imaginei que queriam os meus documentos. Entreguei, conferiram e entao olham para a Giulia. Falei em um ingles parado ha mais de 10 anos na minha cabeça sem nunca usar, que os documetos da minha filha eu nao tinha. Sim, na ida tinha percebido que esqueci em casa, na minha maior irresponsabilidade, mas nao me preocupei ja que ninguem tinha me pedido. Falaram alguma coisa fazendo sinais com as maos para eu esperar um pouco ali ao lado deles e obedeci ate que chegaram dois policiais italianos. Enquanto um me fazia perguntas bobas, outra com um aparelho tipo lanterna, mas que nao sei pra que serve, analisava o meu documento de identidade italiano.

- Voce nao pode sair da França com essa criança - Disse o policial italiano.

- Ok

- Como ok?

- Vim passar uns dias na casa de uma amiga, se eu nao posso ir pra Italia, fico aqui sem problemas, ligo pra ela e volto.

- Nao senhora, teria que nos acompanhar na delegacia.

- Ok.

- Ok?

- Sim senhor policial, vamos ate a delegacia. Voces vem que ela é minha filha e tudo certo.

- Como voce é capaz de sair com ela sem um passaporte?

- O senhor tem absoluta razao e eu fui uma absoluta irresponsavel. Vamos pra delegacia?

Ele abaixa, olha pra Giulia e pergunta:

- Onde esta a mamae?

Giulia assustada se esconde atras das minhas pernas.

- Senhor policial... O senhor sabe que uma criança de 3 anos nao vai responder a pergunta onde esta a tua mae se a mae dela esta ao lado...

- Nao sei o que fazer.. Nao se pode ter certeza de que ela é tua filha.

- Ok, resolvemos entao.

- Senhora, isso é injusto, da proxima vez traga documentos da criança.

- Ok. Nao posso dizer nada a mais do que concordar que o senhor tem razao e pedir desculpas.

- Passe. Uma boa viagem.

- Obrigada.

Entro no trem, sento e 4 horas depois, na fronteira da França com a Italia, entram outros policiais.

- Documento senhora!

Entrego o meu e vou logo dizendo que a Giulia estava sem.

- Nao podemos deixar que a senhora deixe a França sem documetos da criança.

- Olha aqui senhor policial, aconteceu isso quando eu estava para entrar no trem. Os policiais me deram um sermao, conversamos e fui liberada. Mas la, eu estava perto de uma amiga. Vou descer aqui e ir pra onde no meio dessas montanhas?

Ele abaixa, olha pra Giulia e pergunta:

- Essa senhora quem é?

E Giulia novamente se esconde atras de mim. O policial sorri e diz:

-Muito linda essa criança, tenha uma boa viagem senhora!

- Obrigada.

Nao sei se sao meus olhos verdes, nao sei se eram meus saltos altos, nao sei se era meu sorriso, nao sei se era minha tranquilidade e segurança de que nada de ruim poderia acontecer ja que Giulia é realmente minha filha e nao estava fazendo nada a mais do que passar dias na casa de uma amiga. Sei da minha irresponsabilidade em viajar sem documentos dela, mas conheci uma irresponsabilidade ainda maior. A dos policiais que me fizeram passar tranquilamente a fronteira de um pais sem ter a certeza de que eu nao estava raptando uma criança. Sem saber se eu era uma mae malvada, mesmo que com sorriso no rosto e salto alto nos pes, roubando a criança do pai dela. Talvez se eles tivessem me levado pra delegacia eu ficaria mais tranquila, saberia que minha filha assim como as filhas dos outros, estao seguras sem poder sair do pais caso alguem queira fazer algo de ruim. Mas vi que roubar uma criança é assim tao facil, como roubar balas nas lojas americanas.

Que anta, ops.. que peixe

Eu nao contei mas aconteceu ja ha algum tempo quando estavamos levando minha sogra ao aeroporto, ela rumo à Napoli e eu rumo a minha liberdade dentro da minha propria casa. Passamos por um rio aqui perto de casa onde algumas pessoas estavam pescando.

- O que eles estao pescando, Paula?

(e eu ainda tentando entender porque as perguntas dela sao sempre pra mim e nao para o filho dela, também presente no carro.)

- Trutas, sogra.

- Ah verdade.. Truta é peixe de agua doce.

- Sim.

- E como eles tem coragem de comer esse peixe?

- Do mesmo jeito que voce tem coragem de comer o peixe do mar. Deve ser sujo igual. Ou limpo igual.

- Ah agua do mar? Entao esse rio é de agua do mar?

- Em Milano agua do mar? Trutas com agua do mar? Rio com agua do mar?

Eu so peço um pouco de paciencia minha gente.

Aviso

Eu adoro ler os comentarios de vcs. Adoro ver quando vem gente nova por aqui. Adoro ver que as antigas ainda continuam por aqui. Mesmo depois da minha longa ausencia. Voces nao sabem a felicidade que eu senti quando voltei a escrever no blog, e ate entao nao tinha nem entrado pra ver os comentarios no auge da minha crise, e vi os recadinhos de voces pedindo pra voltar. Lagrimas nos olhos segurando ao maximo tentando esconder de mim mesma a manteiga derretida que sou.

Por tudo isso que voces me dao, por tantas emoçoes que voces me proporcionam eu teria que retribuir no minimo respondendo as perguntas feitas por aqui. Mas nao consigo por questoes de tempo. Ainda nem contei como foi a viagem ao Brasil e sei que voces querem saber e ainda nem mandei email pra minha prima e pra minha tia Neide pedindo desculpas por nao ter nem me despedido delas. Ainda nao falei com a Luciana(palhaça), ainda nao agradeci a Pri gemea por ter aparecido por aqui. So que no pop up que eu abro dos comentarios, o email de voces nao aparece. Eu poderia abrir o HaloScan e ver de la o email de quem me pediu retorno e ser educada como se deve respondendo. Alias, abrindo pelo site eu poderia ate mesmo ver quem sao as pessoas que me chamaram de idiota. Mas falta vontade. Nao é importante.

Entao, queridos, quem quer resposta de alguma coisa peço a gentileza de mandar email. Vai ser um prazer clicar no "responder". Ou entao, o que voces acham de voltar com o post de algum tempo atras com perguntas e respostas? Agora tem meu email escrito ai do lado no meu perfil. O arroba entre parenteses foi dica da Luciana pra nao encherem (ainda mais) a minha caixa postal de emails com propagandas de como aumentar o penis ou onde comprar viagra.

Beijo grande a todos.

Faminhas

Engraçado essa coisa de fama. Nao digo da fama do personagem famoso, mas a famosa fama que as pessoas tem perante aos outros. Eu sou famosa por ser bagunceira e por nao saber fazer nada em casa. Sim, confesso que quando estava no Brasil, morando com minha mae ou depois sozinha, nao me preocupava nem um pouco em afazeres domesticos. Em casa, faxineira uma ou duas vezes por semana era o suficiente para manter em ordem o que eu queria. Luxos do Brasil que aqui nao tem como ter. Aprendi na marra a organizar tudo, a deixar minha casa sempre em ordem e limpa e fazer funcionar tudo como tem que ser.

Lembro quando acompanhava as dançarinas do Tchan para programas de televisao. Quem via aquelas duas beldades, super doces e sempre com um sorriso no rosto nao imaginavam o que estava por tras daquela fama de boazinhas e boas amigas. Nao estou aqui para julgar, mas pessoas como outras qualquer, tinham la as seus desafetos uma com a outra. Ao ponto de no programa da Hebe, minutos antes de entrar ao ar ao vivo, uma briga porque uma nao queria emprestar roupa para a outra que estava sem. Fama de melhores amigas.

Fama de incapaz a ser dona de casa. Quem dera! Pagaria por voltar a ser incapaz em casa e capaz no trabalho. Ai eu respiro, expiro e tenho paciencia. Muita paciencia. Principalmente depois de convidar amigos em casa para comer um polpettone e eles perguntarem se comprei pronto. Ah Paula, vai confessa... Comprou pronto!