Olha eu aqui ainda, passando dias sem escrever no blog, passando datas importantes como o aniversario da Giulia sem contar pra ninguem como foi, sem tempo de escrever do meu dia a dia, das minhas viagens mas ainda com uma enorme vontade de escrever pra voce e de trocar nossos e-mails diarios que enchiam meu coraçao de felicidade. Outro dia estava indo pro zoologico com a Giulia quando lembrei que era teu aniversario. E confesso que ainda o primeiro impulso é pensar em te ligar e depois eu lembro que nao é mais possivel. Chorei escondida lembrando da tua voz calma, lembrando da tua felicidade em ouvir a minha voz e nao sei se voce percebia que escutar a tua também era uma felicidade enorme pra mim. Lembrei ainda das nossas conversas, lembrei da tua mao sempre quente esquentando meus pés no frio da tua casa, dos almoços, das risadas, do prazer que eu tinha em simplesmente estar com voce.
E ai tenho uma vontade incontrolavel de te abraçar, de me sentir pequena perto de voce, de me sentir amada e protegida como voce sempre me fez sentir.
Eu fui pro Brasil. A ultima vez que eu tinha ido voce ainda estava la. E eu gravida. Que saudades de voce balançando a minha barriga pra ver se sentia os pezinhos da Giulia me chutando, que saudade de ouvir o pouco que voce tinha a dizer, mas esse pouco que voce falava tinha sempre uma grande importancia. E ai quando eu entrei na tua casa as pessoas que estavam la nao conseguiram segurar o choro. E nem eu. Mas nao sei se foi por mim, ou porque elas sabiam que eu queria mesmo ir la pra ver voce. Mas encontrei a tua netinha e levei a outra. E imaginava o quanto voce ficaria feliz em ver as duas brincando, e brigando, la na tua sala. Conversei um pouco e nao tanto quanto eu gostaria com a Cris. Vi um pouco o Fabio, mas nao tanto quanto eu gostaria. Vovo foi correndo me ver quando eu cheguei e pude ver ela ainda mais uma vez antes dela ir embora pra sempre como voce foi ja ha alguns anos. Sim, nem eu posso acreditar que aquela mulher forte e guerreira, motivo de orgulho e exemplo de vida como voce também foi pra mim, nao esta mais aqui.
Estranho. Embora seja triste ter perdido a vovo, fico contente por ela ter tido um final feliz. Sem dramas, como voce ensinou a todos nos, entendo que a vida acaba e que é melhor lembrar de coisas boas do que se lamentar do que é inevitavel.
Num ultimo email que eu mandei para ela, contando algumas coisas da minha vida sentimental, a resposta dela foi simples: Voce precisaria ter teu pai aqui para te dar os bons conselhos dele. Verdade Py, o que eu nao faria por uma conversa com voce. Como eu gostaria de ouvir o que tem a dizer e como seria bom ouvir a tua soluçao sempre objetiva, simples e divertida. Como eu me sentiria bem, nao julgada, apoiada e principalmente amada.
Quando vi ela la, na cerimonia igual a tua, pensei que ate foi bom eu nao ter ido quando foi a tua vez. Ainda nao consegui entender. Ainda nao aceito que o meu pai tao querido esta longe. Nao sei onde. Mas sei que ainda esta vivo dentro de mim. Ainda ouço tua voz, ainda penso em tudo o que voce me ensinou, ainda aprendo com teu exemplo de vida e ainda sorrio lembrando do quanto nos divertimos juntos.
Acho que o mais dificil de tudo nao é entender que aquilo que eu tinha acabou e sim aprender a conviver para sempre com a enorme saudade.
