27 settembre 2007

Dona Paula e seus dois maridos

Aprendi com a Daiza. Me tira do serio que eu saio paquerando mesmo. Na cara dura. E nao escondo de ninguem e principalmente dele. Tenho feito isso. E acho que deixei o moço traumatizado. Ontem decidimos mudar de dentista para um que me parece ser melhor e mais barato. Pedi para ele ligar no consultorio e avisar.
A noite, voltando do trabalho, ele me liga:
- Paula! Voce pode me explicar ate que ponto voce chegou?
- Que??
- Quem é teu outro marido, Paula?
- Eu nao tenho outro marido. Voce acha que eu sou louca de me casar? A gente erra uma so vez nessa vida, meu bem.
- Pode me explicar entao o que esta acontecendo?
- Olha aqui Gianluca! Voce para de espionar meu celular e pare também de instalar programinhas de espionagem no meu msn! Porque depois voce fica todo doido.
- Eu liguei pro dentista hoje.
- Ah.. obrigada! Tudo bem? Conseguiu desmarcar?
- Paula, ela falou que teu marido ligou la desmarcando as consultas que voce tinha.
- Ah.. Entao voce ja tinha ligado e esqueceu?
- Paula?
- Sim.
- Eu nao liguei la ontem.
- ....
- Paula?
- Sim.
- Quem é teu outro marido?
- Hahaahaahaahaaha!!! Nao sei!!!!
Hoje de manha ligo pro consultorio pedindo explicaçoes.
- Ah senhora... Nos confundimos... Sabe como é, ne? Ligou um cara aqui falando que queria cancelar todas as consultas da mulher dele, era simpatico, mas tinha aquele sotaque de napoletano, sabe? Como teu marido. Ai pensei que fosse o teu marido e desmarquei as tuas. So hoje de manha que percebi que era outro napoletano.

Ainda bem que nao confessei nada!

26 settembre 2007

O segredo da pele italiana

Esses dias, conversando com uma amiga italiana, e reclamando da preguiça assustadora do Gianluca, falei que se eu nao mandar ele fazer as coisas, como se fosse mae dele, o moço nao toma nenhuma iniciativa, coisa que me tira do serio.
- Mas o que por exemplo, Paula. - Pergunta minha amiga italiana.
- Colocar as cortinas nas janelas que ainda estao sem, quadros e prateleiras na parede, ir comprar a lampada que queimou, lavar o carro...
- Mas Paula, tem homem que é assim mesmo. Tem homem que nao gosta de fazer essas coisas.
- Eu sei, mas por exemplo, se eu nao mandasse ele pro chuveiro, ele seria capaz de passar uma semana sem tomar banho...
- E ai?
- E ai entao voce quer dizer que homem fedido é mais macho?
- Nao.. mas em uma semana nao fica fedido.
(Percebi entao que tinha algo errado. Ou algo que eu nao deveria ter dito.)
- Voce nao toma banho todo dia, ne? - Perguntei eu com voz e expressao de vergonha.
- Nao... Tomo uma vez por semana. Porque eu gosto de tomar banho de banheira e também tem outra coisa... Li numa revista que tomar banho todo dia estraga a pele.
Entao ta, amigos leitores. Desde agora posso economizar dinheiro. Nao vou mais ao dermatologista reclamar da minha pele porque descobri qual é meu problema. Eu tomo 2 banhos por dia e o povo aqui 4 por mes...

21 settembre 2007

Eu quero ser um numero

Juro que não é trauma do meu sobrenome, que em alguns aspectos, pode soar como algo vulgar, mas essa historia de chamar pessoas pelo sobrenome, aqui na Itália, me incomoda demais. Já tenho uma dificuldade enorme de "dare del Lei", que seria chamar de "Senhor ou Senhora" pessoas desconhecidas, mais velhas ou que sejam consideradas mais importantes, ainda mais em lembrar o sobrenome das pessoas.
No Brasil, a Paula, o Pedro, o Zé, o João, são conhecidos assim pelo que são. Não importa para nos sabermos a sua origem, principalmente em momentos mais insignificantes. Aqui o que conta é o segundo nome de cada individuo e é absolutamente normal pessoas, até intimas chamarem uns aos outros com o sobrenome.
Hoje, tentando marcar uma consulta com o dentista que a Monica me indicou, fiquei indignada. A secretaria atende ao telefone e eu peço um horário. Ela então pergunta:
- Quem é você?
- Eu sou a Paula.
- Paola? Que Paola?
Já me irrito porque me incomodo profundamente com isso. Poxa. Eu sou a Paula e quero uma consulta. O que interessa o meu sobrenome? Mas lembro que estou no pais que ainda vive na era Romana e digo meu sobrenome.
- Mas eu não te conheço.
- Não, a senhora não me conhece... Seria possível uma consulta?
- Mas quem te indicou?
- Foi a Monica.
- Monica? Que Monica?
- Olha, eu não sei o sobrenome dela. Monica é minha amiga. Mas nunca me preocupei em perguntar o sobrenome dela.
- Estranho.
- Não é estranho, é questão de cultura. Podemos marcar a consulta?
- Eu só marco consulta se a pessoa me disser quem indicou.
- Mas o que vocês são? Um centro secreto de macumba ou uma clínica de dentistas?
- Uma clínica que se preocupa com quem vem aqui.
- Ok.. Vamos marcar a consulta e eu ligo para a Monica pergunto o sobrenome e retorno a ligação. Ok?
- Um minuto por favor.
.....
- Olha, eu não vou te marcar a consulta porque não tem mais horário.
A minha vontade era de mandar a mulher e toda a Itália pra aquele lugar que você sabe qual é. Mas paro, respiro fundo, choro e ligo pra Monica que é um amor e ligou para la dizendo que se é assim ela não indicaria mais ninguém.
Enfim... O povo complica a vida. O sobrenome é tão importante que ate meu sogro, quando reserva uma mesa em algum restaurante em Napoli, mente dizendo ser "Luigi Russo" que é o sobrenome mais comum na Itália, para que se por acaso ele decida não ir mais, os donos não fiquem chateados com ele numa próxima vez. Porque se ele disser o sobrenome real e não for, ele acha que vai ficar marcado pro resto da vida. Sabe, coisas que aconteciam no Brasil, em minúsculas cidadezinhas do interior há décadas atrás.
Quem não conhece a Itália, não imagina como são os prédios e condominios daqui. Esqueça tudo o que você vê no Brasil. Não tem porteiro. Fora dos prédios tem o interfone com todos os sobrenomes dos moradores. No primeiro ano que morei na Italia, custei a permitir que colocassem o meu la fora. Poxa! O interfone fica na rua, com acesso à todos. Eu não sei que tipo de gente passa na rua, não sei se tem alguém que possa fuçar a minha vida sabendo meu nome e sobrenome. Quero pelo menos poder morar em privacidade. Mas não. Tem que colocar, porque ate quando você pede uma pizza pelo delivery, o pizzaiolo pergunta o teu sobrenome que esta no interfone. Seria tão bom se fosse igual ao sistema dos predios antigos em São Paulo que quando não tem porteiro, colocam só um numero. Ok. Eu quero uma pizza, sou do apartamento 05 da Rua X.
E caros italianos, entendam... Eu não sou sou o membro de uma família, sou um individuo. E me chame de Paula. Pros íntimos sim é que quero dizer meu sobrenome. Pra você, não interessa.

19 settembre 2007

A tristeza all'italiana

Já conheci gente o suficiente aqui na Italia para constatar o que muitos já constataram. O italiano é um povo triste por natureza.
Começa das respostas que te dão quando você pergunta se esta tudo bem:
"Non c'è male"
"Si tira avanti"
"Cosi cosi"
"Insomma"
E outras dai pra baixo.
Ai que saudade do Brasil e dos Brasileiros. O cara desdentado, com a mãe doente, sem dinheiro pra comprar a passagem do ónibus, mas que esta bem e não esconde o sorriso sincero quando perguntam como vai a vida.
O Italiano estudou, ele tem trabalho, tem uma família que esta bem, tem comida no prato todos os dias. Participa de festas, vai ao teatro, tem amigos. Mas ele esta mal. Porque há anos atrás aconteceu alguma coisa de ruim e ele não engoliu ate hoje. Porque ele não se aceita como é ou porque gostaria de ter alguma coisa que não tem ou ate viver algo que não viveu, então ele esta mal. No fundo, ele esta mal porque ele aprendeu a estar mal com ele mesmo. Questão de cultura. E ele ainda acha que o brasileiro que ri, ri porque é besta. Ai como eu queria ensinar pra essa gente, que independente da nacionalidade, religião ou problemas, la vita è bella. E que um sorriso pode ser melhor do que qualquer remédio.
Quando conheço alguém assim, da vontade de pegar a pessoa e balançar tentando encaixar o parafuso que deve estar solto dentro dele. Não, não, querido amigo italiano, a vida não é feita para sofrer! Não é sofrendo que você encontra a felicidade e quando você se der conta disso você vai achar que é tarde demais. Mesmo que não seja nunca! Sempre é hora de mudar, sempre ainda tem tempo de ser feliz, mesmo com todos os problemas que cada um de nos temos.
Felicidade e sofrimento, caros, são estados mentais. E só estando em paz consigo mesmo é que conseguimos entender como é mais simples do que se imagina ser feliz.

18 settembre 2007

Eu tenho uma boa e uma ma noticia...

Nao so uma, por sorte.
Boa é que meu amigo Marcelo vem para Milano.
Boa é que meu Tio Silvio e meu primo Fabian vem para a Italia e ficam uns dias aqui em casa.
Boa é que minha mae comprou varias coisinhas pra mim, inclusive uma bota linda.
Boa é que minha Tia Neide se ofereceu a mandar mais coisinhas inclusive pereciveis.
Agora quer a ma noticia?
Mae e Pai do Gianluca vem passar uma semana aqui em casa em outubro.
Assim, nao por nada, mas essa historia de colocar vassoura atras da porta funciona mesmo?

16 settembre 2007

é a idade...

Ivonne says:
Voce quer que eu mande mais alguma coisa pelo Tio Silvio?
Paula says:
Ah sim mae... Queria também te pedir um esmalte Via Lactea e um Lightner.
Ivonne says:
Onde tem isso?
Paula says:
Em qualquer loja de beleza, ve naquela da Alameda Barros.
Ivonne says:
Mas o que é Lightner?
Paula says:
Aquele descolorante mae... Compra aquele de saquinho que é facil dele trazer.
Ivonne says:
Mas ai nao tem?
Paula says:
Tem... mas deixa meu pelo vermelho.
Ivonne says:
Que estranho, mas tudo bem, vou ver se encontro.
Paula says:
ok.
Ontem, pelo telefone:
- Oi mae...
- Oi filha... eu ja comprei teu esmalte.
- Ah que bom, mas e o Lightner?
- Paula, fui em varios lugares e ninguem sabe o que é isso.
- Como nao??? Eu sempre comprava, sempre descolori meus pelos com isso.
- PAULAAAA!!! MAS VOCE FALOU QUE ERA DESODORANTE E NAO DESCOLORANTE!!!
- hahahaa!!! Mae!!!!!! Eu ate falei que os meus pelos ficam vermelhos com o DEScolorante daqui!
- Ah filha, sei la... Achei que vc passasse o DESODORANTE e seus pelos ficassem vermelhos, reaçao alergica, vai saber... Voce reclama de tudo mesmo....

14 settembre 2007

Parabéns pra mamae

Sei que nao fui a filha dos sonhos. Sei que nao fui exemplar em seguir carreira de jornalismo artistico e marketing ao inves de estudar engenharia. Sei que fui muito na B.A.S.E, sei que menti demais, sei que namorei quem ela nao queria. Sei que nao ouvi conselhos, sei que fiz das regras um papel amassado. Sei que exagerei, sei que me revoltei e que poderia ter aproveitado muito mais e melhor o que ela queria me dar. Sei que nao soube escutar e nao soube enxergar, mas sei também que ela ainda esta la. Sei que me apoia, sei que me espera, que me entende e que me ama. E isso me conforta. E pude aprender que a coisa mais importante nessa vida é ter uma familia com quem possa contar. Que amigos vao e vem, que amores vem e vao, mas que ela me fez e aqui ficou. Mesmo de longe, sempre presente.
E ela fez aniversario. E mais uma vez nao estava la para cantar parabéns. Mas meu coraçao e meus pensamentos atravessam diariamente um inteiro oceano so para ela.
Mamy querida, tanti auguri a te.

10 settembre 2007

E viva!

Eu tirei a fralda da Giulia! EU tirei a fralda da Giulia! Eu! Eu eu! Consegui!
Giulia faz xixi e coco na privada!!!! Ela faz xixi e coco na privada!
E se voce esta me achando idiota, voce ainda nao é mae.

07 settembre 2007

Mae de 3

Domingo passado estavamos saindo de casa para levar Giulia ao cinema ver Shrek Terzo quando chega minha vizinha e amiga Cinzia com seus 3 filhos. A historia da familia dela é um tanto quanto complicada. Tem 2 filhos do primeiro casamento, outro do atual marido que tem com outra mulher outros 2 filhos e 1 neto. A casa dela é sempre uma confusao e eu ajudo no que posso com o pequeno que vem brincar com a Giulia e se divertem juntos enquanto ela faz o que deve fazer.
Nesse dia, convidei eles para vir junto conosco ao cinema. Ela tinha coisas para fazer, mas os dois filhos de 7 e 10 anos quiseram vir comigo. Achei otimo. Coloquei as crianças no carro, imaginando como seria a minha vida com 3 filhos. E entendi muita coisa que nao entendia antes. Principalmente a minha super proteçao com a Giulia. Impossivel ser uma mae como eu quando se tem mais que um. Uma verdadeira comedia. Começa pelos assuntos no carro. Tudo o que se é falado entre adultos é absorvido pelas crianças que se intrometem. Chegando la, um queria pipoca, outro queria ir ao banheiro e todos decidindo o que fazer. Fui no banheiro das meninas com Elisa, a menina de 7 anos e Giulia. Ela entra sozinha e faz xixi. Eu entro com Giulia, faço o que tenho que fazer e troco a fralda dela enquanto digo a Elisa que tem que me esperar. Gianluca acompanhou Luca no banheiro masculino. Fomos comprar pipoca e entramos no cinema. No intervalo (sim, aqui cinema tem intervalo), Luca queria ir ao banheiro de novo, Giulia nao queria sair da sala pensando que iriamos embora e Elisa queria chocolate e agua. Uma tarefa dificil de cumprir com 3 crianças quando se tem so 5 min de tempo. Mas conseguimos.
Na volta, no carro, Luca queria novamente fazer xixi. Eu fiquei pensando como vou fazer quando conseguir tirar as fraldas da Giulia. Minha vontade era de pegar uma fralda da bolsa e dar ao menino. Tao mais facil a vida com fraldas!
Enfim, paramos na autoestrada e ele foi no matinho. Aprendi também que crianças nao sabem esperar.
Quando cheguei em casa fui entregar as crianças na casa delas e lembrei de uma coisa. Eu, quando fui pegar na casa delas, deixei meu numero de telefone e peguei o numero da mae deles. Ela nao me pediu nada. Era minha preocupaçao. Nao deu nenhum documento deles, apenas 10 euros na mao de cada um, sem nenhuma recomendaçao em particular e nao ligou nenhuma vez. Essa é a mae de tres. Nao tem nem tempo nem mais saco de se preocupar tanto com filhos. Mas é definitivamente mais leve e mais livre do que eu com uma so.
O que tenho que me preocupar agora é em nao criar uma filhinha de mamae mimada. Porque é isso que eu faço. E fazer outros filhos e me livrar da fralda, porque é sim possivel viver com o problema do xixi. Basta um pouco de pratica.