Que ano estamos?

Incrivel!!! Eu acho que voltei no tempo e so percebi ontem, jantando na cada dos meus sogros. Fomos jantar la para decidir o que fazer no batizado da Giulia, quando surgiu a primeira de uma serie de perguntas "Mas a madrinha que voce escolher é catolica-crista?". Respondi que acredito que sim, mas nao sei exatamente se ela frequenta igreja ou nao, mas que isso nao teria importancia para mim. Depois dessa vieram varias perguntas. Algumas uteis, outras inuteis e algumas de uma total ignorancia.

Me disseram que se eu nao sou catolica, sou ateia. Me disseram que tenho que ser batizada, crismada e nao sei o que mais para ser "normal". Me disseram que eu tenho que aprender a ser catolica e mil outras baboseiras que juro nunca ter pensado que um dia pudesse ouvir.

A mais incrivel de todas foi o pai do Gian ter afirmado que eu fui batizada sim, mas que certamente nao me lembro. Eu insistia em dizer que nao, expliquei novamente que meu pai era judeu e minha mae catolica, mas que nunca me obrigaram a seguir nenhuma das duas religioes, mas o cara continuava insistindo e disse que iria acreditar somente ouvindo de minha mae que eu nao fui realmente batizada.

Incrivel como aqui, no pais do atraso mental, as pessoas nao aceitam culturas diferentes. Italianos pensam que sao o centro do mundo e que nao existe nada diferente deles. E se existe, estao errados porque o certo é ser como eles sao.

Sogrinha me fez perguntas "Quem é buda?", "Voce nao acredita em Deus?" e afirmaçoes absurdas como "Voce é catolica sim, mas nao sabe."

Incrivel como em pleno 2006 (ou voltei no tempo?) pessoas discutem sobre religiao, fazendo pressao sobre as outras para tentar te converter sem ter um argumento valido. Quer dizer, para eles, eu teria que ser catolica para ser "normal", para ser como eles.

Mas sabe que no fundo foi ate engraçado. Eu, ao inves de ficar nervosa com tudo o que eles falavam, achei tudo muito divertido. Dei boas risadas. Coisa que nao acontecia ate o ano passado, quando cheguei na Italia e tiveram as mesmas discussoes. Mas na época eu estava assustada com tudo e tinha um certo medo por ser diferente deles. Ja ate chorei. Ontem nao. Estava mais forte, mais dona de mim mesma e me diverti muito ouvindo e respondendo a todas as perguntas sem medo e sem culpa.

So nao vou escrever tudo o que conversamos ontem porque esse texto ficaria enorme. Mas basta imaginar as perguntas e conclusoes mais absurdas e tenha a certeza que elas foram ditas ontem.

So uma observaçao. Acho que eu nao posso me denominar budista porque ainda estou aprendendo muita coisa sobre a religiao. Mas acho também que as pessoas nao deveriam se denominar catolicas-cristas, sendo tao racistas como sao. Pelo minimo que sei, Jesus Cristo amava a todos, entao, com um pouco de bom senso, pessoas deveriam amar e respeitar a todos também. Independente da cor, credos e raça de uma pessoa.

Um exemplo disso é que quando eu pedi para sogrinha me acompanhar com minha mae ate o Corso Humberto. Disse ela:

- Ahhh naoooo... La esta cheio de estrangeiros!

- Sim, eu também sou estrangeira, e dai?

- Nao.. Voce é brasileira e filha de italiana... Eu estou me referindo aos africanos!

- Ahhh... Meu pai é africano.

Nem preciso comentar aqui a cara dela, ne?

E viva a diferença!