03 aprile 2007

A menina e o italiano

Ai a menina que morava no Brasil, tinha família, tinha um emprego modesto mas estava cansada de ter que pagar contas, arruma um italiano. Aquele italiano que nas ferias de agosto foi passar uns dias em Salvador. Ele estava sempre com a carteira cheia de euros, que transformados em reais era um verdadeiro mar de dinheiro. A menina se empolga. Ele fala que aqui é dono de uma trattoria.
Ai a moça que passou alguns poucos dias com o italiano se diz perdidamente apaixonada. Larga tudo, vem pra Itália e se casa com alguém que ela mal conhece. Mas ama. Diz que ama.
O que ela não sabe é o que italiano que parecia ser todo poderoso no Brasil é um homem cheio de problemas na Itália. Não pode sair da casa da mãe porque ela é idosa e precisa dos cuidados dele. Não pode sair da casa da mãe porque ela ficaria triste. E qual a italiana que aceitaria casar e morar com a sogra? Nenhuma que eu saiba.
Ai a brasileira que pensava ter tirado a sorte grande em fisgar o italiano, vem aqui e se desespera. Porque a sogra invade a vida dela, porque a sogra manda ela fazer serviços domésticos e porque ela tem que trabalhar e muito para conseguir manter a família. Não, ela não vai trabalhar em nenhum escritório. O que ela não sabia, quando estava no Brasil é que o dono da tratoria é também o cara que limpa o banheiro da tratoria. O cara que estava cheio de euros no bolso, é o cara que economiza para conseguir pagar as inúmeras contas altíssimas. Porque? Porque aqui é assim. O dono do restaurantezinho serve pratos. O dono do açougue corta carne, o dono da padaria faz o pão. E a mulher faz tudo isso e ainda tem que cuidar da casa porque só um milionário consegue ter uma empregada domestica em casa.
Ai o italianao que ela diz amar vira o bicho papão. Aquele que não quer que ela saia sozinha de casa, que tem que ir ao ginecologista amigo dele, que é doente de ciumes.
E eu aqui, atendo o telefone e ouço as mesmas lamentaçoes. Que ela estava cega de amor. Que se ela soubesse que ele era assim tão ciumento e que ela teria que trabalhar tanto não teria vindo.
Meu conselho? Pra ter vida de bacana mesmo, aquela que você, menina caça gringo tanto sonha, case-se com um brasileiro. E venha de ferias para a Itália. Garanto que é melhor.

2 Comments:

Anonymous Anonimo said...

Essa história é tão material, tão absurdamente terrena que não sobrou nenhum espaço para algum sentimento nobre. Só egoísmo, ciúme, mesquinharia, exploração e objetos.Aquilo del'nisso, como estava escrito nos muros da cidade um tempo atrás.

5:06 PM  
Anonymous Anonimo said...

Quanto ao comentário de Djabal, digo que este artigo não está tão material, ele é simplesmente realista.
A menina brasileira que sonha encontrar seu "príncipe encantado estrangeiro" ir embora para o seu país e ser feliz. Porém este tipo de história pode ter vários finais, mas em geral é este que a paula comentou.

5:56 PM  

Posta un commento

<< Home