Brasileira de Verdade

Ja devo ter falado aqui que uma das coisas que mais me irritam, quando alguem descobre que sou brasileira, é que começam a falar de pobreza, violencia, carnaval ou futebol. Nao é culpa deles, afinal, por aqui, nao se ve outra coisa alem disso quando o assunto é Brasil. Seja na TV ou em revistas.

Nao sabem a minha realidade. Se admiram quando falo que estudei. Que trabalhei. Que temos sim elevadores (muito mais modernos que os que vejo por aqui), que os carros sao iguais aos daqui. Que nao vejo tigres e passaros exoticos quando saio para passear por Sao Paulo.

Raramente encontro alguem que conhece o pais de onde vim.

Algum tempo atras, conheci a Mila. Gostei dela, que hoje é minha amiga do coraçao, desde o inicio. Foi a unica que quando soube a minha nascionalidade nao falou baboseiras. Muito pelo contrario, é fa da nossa cozinha, da nossa musica de qualidade (nada de modinhas) e adora ler Jorge Amado.

Na sexta feira, fomos passear juntas. Como era aniversario do Salvatore, seu marido, fomos ate uma livraria comprar um dicionario de presente para ele. Enquanto eu esperava e escolhia um livrinho para a Giulia, ela me surpreende com um presente para mim. Um livro em italiano, do Jorge Amado. Dona Flor e seus Dois Maridos.

- Paula, voce nao é uma brasileira de verdade enquanto nao ler livros brasileiros de qualidade. Pra voce!

Fiquei toda contente. Nada melhor do que um bom livro de presente. E nada melhor do que estar em companhia de pessoas que te acrescentam alguma coisa na vida.

Sabado fomos no jantar que ela preparou para o marido. Giulia se divertiu com a Mila J, filha de 3 anos do casal e nos também nos divertimos muito conversando por horas e horas enquanto revezavamos segurar no colo a filha mais nova, Giada, de 7 meses.

So me resta agora saber quando é que vou poder ler. Porque com Giulia por perto a unica coisa que consigo ler é Os Tres Porquinhos ou La Fattoria della Nonna.