A moça e seus problemas (mais um)

Eu acho que toda mulher por natureza é bicho-ruim. Principalmente as daqui. Nao quero filosofar tentando chegar a conclusao do porque nos brasileiras somos diferentes delas italianas mesmo porque em certas ocasioes, somos todas iguais. Farinha do mesmo saco, vitimas de TPM e de nossos hormonios inquietos.
Ontem fui na reuniao da escola da Giulia. A primeira que teve depois do inicio das aulas. Ja a minha idade é estranha pra elas. Devo ser a unica de 30 anos la. Me chamam de "a mais novinha". Ser a mais nova e ainda extracominitaria (porque nao esta escrito na minha testa que sou filha de italiana e nao saio desfilando com meu passaporte italiano por ai pendurado no pescoço, mas deveria) é motivo de comportamentos estranhos da parte delas.
La, uma das maes teria que se candidatar para ser a responsavel de classe, arrecadar fundos e transmitir recados dos professores. Ninguem queria. Sobrou para "a mais nova faz". Mas a Sra. Mais Nova que vos escreve aqui, nao estava nem um pouco afim. Primeiro pela dificuldade que eu tenho em escrever corretamente em italiano. Depois porque ja tenho meus afazeres.
Eis que abro a boca para falar que nao queria quando percebem que nao sou italiana, porque claro, eles acham que uma branca com olhos verdes, é italiana ate que prove o contrario. E provei o contrario com meu sotaque brasileiro e agora deveria, se estivesse preocupada com isso, provar que sou tao italiana como elas. Mas olha aqui as minhas rugas de preocupaçao! Nao achou? Pois é, nao tem mesmo.
Sobrou para uma outra estrangeira, porque se nascida como ela na Espanha, ou em qualquer outro pais da comunidade europeia, ganha-se o titulo de estrangeira e nao de extracomunitaria que faz com que esses se sintam so um pouco marginalizados e nao extra-terrestres como nos extracomunitarios.
Sendo ela a unica a se candidatar, fomos todos votar nela. Ok.. Mas eu so atravessei a rua para entrar na escola porque como ja disse é em frente ao meu predio e nao imaginando que serviria documentos, nao levei bolsa. Para votar, precisava do numero de identidade. Eu, atrasada com o Sr.Pai da Minha Filha me esperando para sair. Falo com a professora que quem votaria seria ele e ela diz que como eu assisti a reuniao, eu teria que votar.
Agora imaginem a cena: Dez maes na frente de uma mesa com a urna, eu tinha acabado de votar, a professora pede para alguem atestar assinando por mim o meu voto.
- Alguem pode assinar por ela? Alguem pode falar que conhece ela?
Silencio total.
Vejam bem, nao estamos escolhendo o proximo presidente da Italia, estamos so votando na unica mae que se candidatou para ser a responsavel de classe de uma escolinha materna!
A professora novamente:
- Alguma mae pode dizer que a conhece?
Mais silencio e deveria ter tirado uma foto das caras sem nenhuma expressao das bicho-ruins.
Nisso, chega um pai de algum aluno. Entendam, um homem. Leiam: Um Ser livre de pensamentos ruins e preconceituosos, que nao olha pessoas do sexo feminino como se estivesse em uma jungla.
- O que esta acontecendo?
- Precisamos de alguem para assinar por ela, ja que nao trouxe o documento.
- Mas è claro que eu posso fazer!
Fez.
Agradeci.
Simples assim. E saio de la pensando como é complexo ser mulher. E se eu também sou um bicho estranho como elas.