27 aprile 2007

Aventura em Napoli

Acordei as 8h30 da manha. Arrumei a casa, vesti a Giulia, dei leite. Tomei café da manha e liguei pra Mila. Conversamos por um bom tempo pelo telefone e decidi passar o dia na casa dela.
Sai de casa as 11h30 da manha. Liguei duas vezes para confirmar qual onibus deveria pegar e onde exatamente teria que descer. Eu ja fui algumas vezes na casa dela, mas sempre a noite e de carro.
Esperei pelo C12 por uns 15 minutos. Entrei no onibus lotado de estudantes que voltavam da escola para casa. Tentando equilibrar Giulia e uma bolsa cheia de fraldas, lencinhos, agua, suco, carteira, bolachas, babador e um agasalho. Giulia pesa uns 12kg e a bolsa parecia pesar tanto quanto.
Mila tinha dito para descer 2 pontos depois da rotatoria. E assim fiz. Estranho foi sair daquele onibus e nao reconhecer a rua dela. Pensei. Liguei mais de 5 vezes para o celular dela, mas nao atendia. Resolvi andar para a direita, ainda equilibrando Giulia que nao queria andar e a bolsa numa calçada estreitissima e ainda com arvores plantadas no meio dela. Me expliquem o que passa na cabeça das pessoas que fazem esse tipo de calçadas? Impossivel caminhar.
Andei, andei e andei. Desesperada, olhava para um lado e pro outro e tudo o que eu via eram montanhas e borracheiros. Mais adiante, desviando das montanhas de lixo e sendo obrigada a andar pela rua, movimentadissima com carros a mais de 110km/h, encontro uma banca de jornais. Perguntei pro moço se ele sabia me explicar como poderia chegar na rua da Mila e nem te conto meu desespero quando ele abriu o mapa da cidade para procurar. Pensei entao que eu estaria muito longe do meu destino. Ele encontrou e me mostrou como poderia chegar, mas nao entendi nada. So vi realmente que estava longe, mas teria que refazer todo o caminho percorrido e ainda andar muito mais no sentido contrario ao que estava.
Andei, andei e andei. Mas quando eu digo que andei, entendam: andei muito, muito mesmo. Ruas desertas e desespero total. Falando mil palavroes para o Gianluca pelo telefone, que desesperado, queria ligar pro pai para vir me buscar. Mas quem disse que eu sabia explicar onde estava? Acho que Napoli é a unica cidade no planeta que nao tem placas com o nome das ruas.
- O que voce ve, Paula? - Dizia Gianluca pelo telefone.
- O que eu vejo???? Montanhas e lixo, cazzo!
- Qual é o nome da rua?
- E como vou saber, meu filho? Se eu perguntar pra Deus sera que ele me responde???
Caminhei mais ate encontrar, num lava rapido, um grupo de jovens. Estavam la um cara moreno, um loiro e uma menina. Perguntei, desesperada como fazia para chegar na rua da Mila.
- Mas voce nao é Napoletana, né?
- Nao.
- Eu imaginava. Voce nao deveria andar por aqui sozinha. Eu nao sei onde fica essa rua, mas posso te dizer que é loucura tentar chegar a pe ate a rotatoria. Cuidado! Voce esta em Napoli.
- E o que eu faço?
- Espera meu carro terminar de lavar e te dou uma carona. Enquanto isso tente ligar para tua amiga.
- Ela nao atende.
- E que especie de amiga é?
- Uma amiga, oras. Nao deve estar ouvindo o celular, sei la.
- E nao ve que voce nao chega? Nao te liga?
- Tem razao, uma tonta mesmo!!!!!!
- Diga a verdade, voce esta sem credito no celular? Eu posso emprestar o meu. Eu mesmo falo com ela. Ela é napoletana?
- Sim, napoletana. Mas eu tenho credito no celular. Ela realmente nao atende.
- Tinha que ser. Napoletanos so sabem falar com napoletanos. O que uma americana vem fazer em Napoli? Essa cidade é suja, perigosa.
- Como voce sabe que sou americana?
- Porque andar com uma criança no colo é coisa de americano.
- Ah.
- Desculpe, mas onde esta teu marido numa hora dessas?
- Trabalhando.
- Liga para ele.
- Nao. Ok. Vou indo. Obrigada pela ajuda.
- Nao va! Voce é doida. Perigoso demais andar por aqui.
A essa altura, eu ja estava com medo de ir sozinha e medo que esse menino viesse atras de mim oferecendo ajuda. Eu nunca pegaria uma carona com um estranho. Principalmente com a Giulia.
Enfim, andei mais. Muito mais. Ate encontrar um grupo de pedreiros que também nao sabiam onde ficava essa rua. Liguei novamente desesperada para o Gian, gritando:
- Gianluca!!!!!!
- Sim.
- Eu odeio essa cidade. Eu quero ir embora daqui!!!!!!!
- Paula, mais um pouco de paciencia e nos vamos embora.
- Voce nao vai desligar esse telefone ate me ajudar a encontrar essa rua.
- Ok.
- O que voce ve?
- Alem de montanhas, pedreiros e lixo vejo uma loja de produtos para jardinagem.
- Paula, esse é a loja onde compramos nossa cadeira?
- Ah, sim, sim é ela!
- E voce esta vendo a rotatoria?
- Sim, sim.
- Entao vire a direita.
- Gianluca, ma vafanculo, kct! Como faço para virar a direita se estou numa coisa redonda???
(1h30 para conseguir chegar num acordo em qual rua teria que virar)
- Ok.
(caminhei mais uns 15 minutos xingando Napoli, napoletanos, Mila, Italia, italianos.)
- Gianluca?
- Sim.
- Eu cheguei. Essa m/*r%a de onibus fez o caminho errado. Por isso me perdi.
- Ah que bom.
- Agora faz uma coisa.
- Sim.
- Liga a Tv, coloca no Jornal Nacional. Voce vai ver uma noticia urgente. "Brasileira mata amiga napoletana a pauladas."

2 Comments:

Anonymous Anonimo said...

haha affff que diazinho!

12:26 AM  
Blogger A Dona do Bloguinho said...

Que desespero!!!
Ótimo o comentário que só americano anda com o filho no colo. Eles precisam vir para essas bandas. :)
Eu nem sei se devia falar, mas amanhã, sábado, é dia da sogra. ;)
Bjs e fica bem.

2:28 AM  

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